Perdoar
Ontem alguém me dizia que depois de um divórcio é preciso aprender a perdoar a vida.
Não é fácil voltarmos a dar-nos. A ingenuidade terminou na Conservatória do Registo Civil (a frieza com que nos "descasam" é brutal), a pureza acabou no momento em que se fez o acordo de poder paternal (que, se fosse eu que mandasse, se devia chamar "acordo de poder maternal", mas ok) e a inocência morreu quando se tirou a aliança do dedo (confesso que este acto foi muito doloroso para mim)
Por tudo isto não é fácil voltarmos a acreditar, a confiar. Estamos mais doridas, mais duras, mais impermeáveis. Queremos tanto voltar a acreditar que nos julgamos já muito fortes e muito capazes. Às vezes estamos. Outras vezes não.
Reconheço que não é fácil estar perto. O divórcio traz coisas medonhas. Os medos passam a ser maiores, as noites são sempre mais frias. Não porque deixámos de ter marido mas porque sabemos que o sonho afinal não existe. Deixou, simplesmente, de existir.
Há que aprender a perdoar a vida, sim. Perdoá-la pelas partidas, pelas travessuras.
Às vezes Deus tem um sentido de humor sarcástico. Mas não deixa de ser humor.
1 Comments:
...a merda toda é termos todos sido criados sob o mito do "e viveram felizes para sempre"...e depois, quando o pano cai e temos de enfrentar os bastidores...mas, no segundo acto, com figurantes novos, o enredo retocado e pode ser, pode mesmo ser que o final já não seja oco...afinal, aqui os encenadores já têm mais experiência!
Grande beijoka!
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